MUERE LA GRAN GUERRERA ... DOMITILA CHUNGARA
Boliviana que lutou contra ditadura morre de câncer
Por: Da Redação 13 de março de 2012
13/03/2012 - 16h28 | do UOL Notícias
LA PAZ, 13 (ANSA) - A militante boliviana Domitila Barrios de Chungara, que liderou protestos sociais nas minas da Bolívia em 1978 que acabaram provocando a queda da ditadura militar de Hugo Banzer Suárez (1971-1978), morreu nesta madrugada vítima de um câncer.
Ela e outras três dirigentes do Comitê de Donas de Casa do Distrito Mineiro Século XX, em Llallagua, iniciaram uma mobilização com uma greve de fome exigindo a anistia e o retorno dos exilados políticos do regime.
Seu protesto, de caráter pacífico, se estendeu por todo o país, replicando-se os piquetes de greve de fome, apesar das tentativas do governo para desmantelar os protestos. A adesão ao movimento fez com que Banzer se visse obrigado a renunciar após sete anos de ditadura.
A militante, mãe de 11 filhos, iniciou sua luta política em 1963 ao fundar o primeiro Comitê de Donas de Casa, em Pulacayo, que se estendeu depois para outras minas, até se constituir em um dos braços da luta dos sindicados mineiros.
Chungara passou a pertencer à Assembleia Permanente dos Direitos Humanos, no qual, segundo ela própria relatou anos depois, "fazíamos todos os esforços para que se conheça tudo o que acontecia no país".
Em 1975, em plena ditadura militar, denunciou os massacres e abusos do regime militar boliviano na conferência mundial do Ano Internacional das Mulheres, realizada na Cidade do México.
Sua luta sindical é contada no livro-relato "Si me permiten hablar...Testimonio de Domitila - uma mujer de las minas de Bolivia", compilado pela professora brasileira Moezza Viezzer.
Ela faleceu nesta madrugada em Cochabamba, no centro da Bolívia, aos 75 anos, vítima de um câncer que afetou vários órgãos. Em 2008, ela chegou a receber tratamento em Cuba contra um tumor no pulmão direito.
Em seus últimos anos de vida, "dona Domi", como era conhecida, participou de organizações feministas que apoiavam o governo de Evo Morales. A ministra boliviana de Comunicação, Amanda Dávila, anunciou hoje três dias de luto nacional pela perda.
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