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EN SAN PABLO .. DON ALBERTO ... EL FOTOGRAFO DE LA COMUNIDAD BOLIVIANA.


Com 70 anos e quarenta de fotografia, Dom Alberto não pretende parar tão cedo

Por: Angelina Miranda - São Paulo, 15 de Março de 2012

Quem frequenta os eventos e festas da comunidade boliviana em São Paulo, quase sempre vai encontrá-lo. Nos jogos de futebol ou festas folclóricas, lá está ele registrando vidas.

De poucas palavras olhos atentos e uma fisionomia séria, Alberto Apaza – mais conhecido com Dom Alberto, 70 anos, há 44 fotografa encontros da comunidade boliviana em São Paulo. Raramente visto sem seu instrumento de trabalho, a câmera já se tornou uma extensão do seu corpo. Mas nem sempre foi assim.
















No auge dos seus 21 anos, deixou tudo para trás numa cidade do interior de La Paz. Ansiando por novos caminhos, em 1962 chegou à terra da garoa, onde conseguiu seu primeiro emprego. Saindo do estereótipo da costura, passou seis anos numa rede de padarias, Benjamim Abrahão, existente até hoje.

Depois de algum tempo entre pães e cafés – mirou a oportunidade de trabalhar com a fotografia. Seu amigo Valentim já trabalhava no ramo, mas insatisfeito resolveu regressar em definitivo à Bolívia deixando para trás o Brasil e sua ferramenta de trabalho. Foi então que Alberto comprou a câmera e seus acessórios e pediu algumas instruções básicas.

Com coragem e disposição resolveu ver o movimento em frente ao Museu do Ipiranga. “Muitos turistas iam lá e gostavam de levar alguma lembrança. Quando cheguei tinha apenas um fotógrafo, era a chance que eu esperava”, chance esta bem aproveitada, já que nos 10 anos fotografando em frente ao museu, conheceu sua esposa Maria de Carvalho.

Com a baiana teve seis filhos e destes, quatro netos, que com frequência vê aos fins de semana em casa, ou no trabalho em sua barraca na Praça Kantuta aos domingos. “Minha neta Beatriz de 14 anos me ajuda na barraca, selecionando as fotos e atendendo quem chega” diz.
















Com milhares de fotos de diversos anos, como do carnaval e de Alasita (festa tradicional boliviana em que o catolicismo e o paganismo se fundem para celebrar o Ekeko, o deus da abundância) entre outros eventos, muitos bolivianos aproveitam para procurar amigos e parentes nas fotografias e quem quiser levar a lembrança, paga o valor de R$ 4 por fotografia.

Anos atrás descobriu pelo “boca a boca” que bolivianos se organizavam em espaços na região central para celebrar datas festivas e compartilhar histórias, “A partir de 1978 comecei a fotografar a comunidade e desde então não parei mais”, relembra.

Muitas vezes, mesmo no meio das morenadas, capturando instantes precisos ao som de uma música envolvente nunca pensou em arriscar uns passos, “Eu dançar? Eu não, meu negócio é tirar foto”, comenta risonho.

Quando perguntado se há alguma festa que goste mais de fotografar, é enfático, “Amo o que faço, a diversão é conseqüência”.  Tanto é que fotografa batismos, casamentos, formaturas e alguns eventos mais formais, como quando fotografou a ex prefeita Marta Suplicy e o falecido ex governador Mário Covas, quando visitaram uma escola em que prestava serviços.

Essas e outras fotos, guarda em sua casa, no bairro de Santa Cecília no centro da cidade, que acabou se tornando acervo histórico cultural da ocupação da comunidade em São Paulo –  muito procurado por pesquisadores e estudantes atende a todos com boa vontade.

Sem time na Bolívia, o pacenho torce pelo Corinthians e diz que mesmo gostando dos pratos bolivianos não dispensa uma feijoada. 
Fonte: 
Bolívia Cultural
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